sábado, 7 de setembro de 2013

QUANDO O PASSADO PASSA
 
"Eu hoje joguei tanta coisa fora". Tirei o passado das gavetas e do fundo do armário (ou seria do poço?). Passado, seu nome é mofo! Pratiquei um legítimo desapego! Desentulhei o passado (passado a limpo) para melhor organizar o presente. Desapeguei-me das tralhas dos passado. Sim, tralhas! Quando o passado passa, recordação vira tralha. Meu passado não me condena, mas me cobra. Cobra a manutenção das lembranças. Cobrava! "Eu vi o meu passado, passado ir". Sem saudosismo, boicotes e reflexões. Coleções engavetadas, enfeites que não enfeitavam nada, revistas e textos de Psicologia e outros temas guardados para consultas futuras. E o futuro passou... Papéis de carta da infância (da 1ª e da 2ª!), "cartas e fotografias, gente que foi embora". Tudo passou... Passei... "A casa fica bem melhor assim".
 
* Versos da música Tendo a Lua, Paralamas do Sucesso    

quinta-feira, 6 de junho de 2013

QUEM GOSTA DE DOBRA É ORIGAMI
 
Respondendo um questionário que eu fiz para eu mesma responder sobre um ano e meio de serviço de organização profissional, listei as tarefas que mais e menos gosto de fazer. Organizo tudo, mas não me peçam para arrumar a cama e lavar a louça (posso organizá-la na pia para ser lavada). Ainda na cozinha, por exemplo, gosto mais de organizar despensas do que geladeiras. Por quê? Nada contra o pinguim! Os meus (tenho um lindo casal!) ficam na bancada, aliás. Apenas por fazer melhor (acho!) a categorização dos alimentos na despensa do que na geladeira. Já, organizar livros, revistas, fotos, CDs, DVDs e coleções é um prazer para mim. Quarto infantil e brinquedos? Também. Medicamentos ou maquiagens? Os dois. Toalhas ou lençol com elástico? Preciso responder? Lençol com elástico só é bom esticadinho na cama! Armários e closets, outro prazer. No entanto, prefiro organizar calçados e cabides (penduro tudo que puder ser pendurado) a gavetas e prateleiras. Dobras me cansam. Pronto, falei! Cansam a minha coluna. Algumas peças "retas e obedientes" facilitam a dobra. Outras, "escorregadias" ou com "desvio de costura" (tortas, no caso), desfazem-se teimosamente. E há as que precisam ser decifradas antes de serem, contra a vontade, dobradas. Desabafo feito e voltando ao balanço geral, digo que o grande desafio até agora foi organizar o quarto do meu irmão. A bagunça residia no quarto ao lado! A minha é provisória. A dele, permanente. E a organização mais diferente? O ateliê de scrapbooking. O diferencial? Dar aula de organização infantil para babás. E, em breve, de organização para idosos pra cuidadores. E daqui pra frente? O que vier... 

segunda-feira, 27 de maio de 2013

 
T.O.C. E A ARTE DE FAZER DE UM LIMÃO UMA LIMONADA
 
Sou psicóloga e tenho T.O.C. há mais de 10 anos. Em 2011 decidi tirar proveito da minha mania de organização e tornei-me personal organizer. É, ao mesmo tempo, trabalho e terapia.
Enviei este comentário para a Folha de S. Paulo após ler um texto sobre T.O.C. (Transtorno Obsessivo-Compulsivo) no jornal. E só então eu me toquei (péssimo, mas não resisti!) que essa foi uma das razões para me tornar organizadora profissional. A princípio, busquei o curso de Organização de Residências porque estava procurando uma nova (mais uma) atividade (falei sobre isso no 1º post). Sempre fui organizada, as pessoas sempre elogiaram minha organização e assim surgiu a ideia de transformar em trabalho algo que já praticava em casa. Todos viam apenas o resultado, mas o processo sempre foi muito doloroso para mim. Mais que uma tarefa, é um ritual a ser cumprido compulsivamente. Isto é uma ordem!, grita meu pensamento obsessivo. Minha mania de organização já me castigou demais. Metódica, perfeccionista, sistemática e louca para muitos, passo horas e até dias, às vezes, limpando e organizando um único cômodo do meu apartamento. Prendo-me aos detalhes. E tudo é detalhe para mim. Fico meia hora arrumando um quadro na parede, penteio franja de tapete, alinho calculadamente todos os objetos e por aí vai... Com o trabalho, passei a procurar alternativas para tornar suportável minha rotina doméstica. Exemplos? Quadros encostados nas paredes, tapetes sem franjas, objetos guardados em caixas organizadoras, etc. O trabalho me deu limite e a disciplina certa. Tenho horários a cumprir e devo ser prática. Não encontrei ainda (ainda bem!) clientes neuróticos como eu. Neurose que me rendeu um transtorno. Transtorno que hoje me rende trabalho. É minha terapia e minha medicação. Vai uma limonada aí?      

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

DAS MALAS, A MENOR
 
Organizar uma mala de viagem é fácil. Convencer uma mulher a colocar nela somente o necessário é difícil. Muitas mulheres gostariam de colocar rodinhas em seus armários e transportá-los mundo afora, abastecendo-os a cada parada. Sonho a parte, sei que uma mala mal organizada pode atrapalhar muito uma viagem. Eu planejo antecipadamente a organização da minha mala. Escolho as peças (faço combinações), separo-as e as distribuo dentro dela: coloco peças de tecido encorpado embaixo e fino em cima e as deixo esticadas (uso toda a extensão da mala), não faço dobras para evitar volume e amassos, faço alguns rolinhos (amassam menos) e os coloco nas laterais (ganho espaço), uso compartimentos e organizadores para peças íntimas, miúdas e acessórios, sacos em TNT para calçados e nécessaire para produtos de higiene pessoal e banho, maquiagem e remédios. E assim mesmo peco pelo excesso, certa de que estou pecando pela falta. Na última viagem que fiz, cheguei a desejar (rapidamente) não ver minha mala desfilando na esteira do aeroporto. "Instável" e "desequilibrada", balançava de um lado para o outro, a cada deslocamento, como um boneco João Bobo. "Cheinha" já na ida, foi "engordando" mais ao passar dos dias. Assim como as pessoas, as malas também costumam "engordar" numa viagem. Logo comecei a sentir os efeitos do peso excessivo: lentidão, limitações físicas, dores na lombar, cervical E coluna do meio e micos frequentes, como a mala-mula "empacar" na plataforma e não querer "embarcar" de forma alguma no trem, entrando apenas com a intervenção de um passageiro gentil. E como andei muito, quase tudo se tornou inapropriado para uso. E achei bom! Sem me preocupar com exigências, padrões e protocolos, vestia a roupa mais confortável, um uniforme praticamente, e saía... livre e "despida".
Viagem é "bagagem" que não pesa!
Das viagens, a maior. Das malas, a menor.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

O ATELIÊ E O QUARTO INFANTIL
 
Em dezembro (mês oficial da organização, lembram?) organizei um ateliê de scrapbooking e um quarto infantil de uma casa. Comecei pelo ateliê. Sabe-se que todo processo criativo pede uma baguncinha. Porém, nada se cria em um espaço que não tem espaço para criar, não é? Na visita de avaliação, a imagem do ateliê bagunçado causou em mim uma desordem interna. Mantive a cara de TUDO-EM-ORDEM-SEM-PROBLEMA, mas confesso agora que na hora pensei: Não vou conseguir, não vou dar conta, empolguei-me, meu Deus, empolguei-me com a indicação da amiga, com o desafio,... E a verdade é que não entendo nada de scrapbooking, só sei que os álbuns são lindos e que o material e a aula são caros (na loja que pesquisei). Passado um minuto de sufoco e cegueira total, olhei ao redor e ideias começaram a brotar imediatamente. Milagre? Não! Observação. E, então, aceitei o desafio. Minha cliente, pessoa disposta e participativa, fez o descarte das peças (muitas peças!). Já mordida pelo bichinho da organização, antecipou-se e iniciou sozinha a categorização. Depois, juntas, agrupamos todas as peças semelhantes (e miúdas!). Tudo foi organizado em caixas e cestas organizadoras, distribuído em gavetas, prateleiras e estantes e identificado. Alguns organizadores e móveis ganharam novas funções, deixando o espaço mais funcional e prático (espero!) e visualmente limpo. Após uma diária e meia (9 horas),eu já estava familiarizada com (quase!) tudo e apegada à fantástica, organizada e produtiva fábrica de scrapbooking.
 
O quarto infantil foi organizado em uma diária (6 horas). Meu pequeno cliente teve participação especial no processo de organização. Como um guerreiro determinado, sem hesitar e resistir ao descarte, desfez-se de tudo que atrapalhava ou poderia atrapalhar suas brincadeiras e tarefas: peças velhas, com defeito, não utilizadas há mais de um ano e que não o interessavam mais. Não satisfeito, ajudou-me também na categorização. Formamos grupos iguais de brinquedos, jogos e materiais que foram organizados em caixas organizadoras, gaveteiros, prateleiras e outros organizadores disponíveis e, até então, sem utilidade. E, para finalizar, identifiquei (com etiquetas) tudo, satisfazendo o desejo do menino.
 
Para Dada, amiga amada. Obrigada por mais uma indicação!
Para Fabi, a mãe. Obrigada pela confiança e colaboração! Seu trabalho é lindo! (www.fabiscrapbooking.blogspot.com)
Para Pedro, o filho. Você é incrível!!!