segunda-feira, 27 de maio de 2013

 
T.O.C. E A ARTE DE FAZER DE UM LIMÃO UMA LIMONADA
 
Sou psicóloga e tenho T.O.C. há mais de 10 anos. Em 2011 decidi tirar proveito da minha mania de organização e tornei-me personal organizer. É, ao mesmo tempo, trabalho e terapia.
Enviei este comentário para a Folha de S. Paulo após ler um texto sobre T.O.C. (Transtorno Obsessivo-Compulsivo) no jornal. E só então eu me toquei (péssimo, mas não resisti!) que essa foi uma das razões para me tornar organizadora profissional. A princípio, busquei o curso de Organização de Residências porque estava procurando uma nova (mais uma) atividade (falei sobre isso no 1º post). Sempre fui organizada, as pessoas sempre elogiaram minha organização e assim surgiu a ideia de transformar em trabalho algo que já praticava em casa. Todos viam apenas o resultado, mas o processo sempre foi muito doloroso para mim. Mais que uma tarefa, é um ritual a ser cumprido compulsivamente. Isto é uma ordem!, grita meu pensamento obsessivo. Minha mania de organização já me castigou demais. Metódica, perfeccionista, sistemática e louca para muitos, passo horas e até dias, às vezes, limpando e organizando um único cômodo do meu apartamento. Prendo-me aos detalhes. E tudo é detalhe para mim. Fico meia hora arrumando um quadro na parede, penteio franja de tapete, alinho calculadamente todos os objetos e por aí vai... Com o trabalho, passei a procurar alternativas para tornar suportável minha rotina doméstica. Exemplos? Quadros encostados nas paredes, tapetes sem franjas, objetos guardados em caixas organizadoras, etc. O trabalho me deu limite e a disciplina certa. Tenho horários a cumprir e devo ser prática. Não encontrei ainda (ainda bem!) clientes neuróticos como eu. Neurose que me rendeu um transtorno. Transtorno que hoje me rende trabalho. É minha terapia e minha medicação. Vai uma limonada aí?